Uma gestão financeira eficaz é essencial para a saúde financeira de um condomínio. No entanto, a prática de manter a arrecadação congelada pode resultar em problemas financeiros a longo prazo. No presente artigo, nossa administradora, Renata Mellem Avante, explora as estratégias de gestão que envolvem manter as arrecadações financeiras congeladas, bem como os desafios associados à manutenção da ordem financeira do condomínio.
Muito temos reparado nas gestões dos condomínios pautadas na ausência de reajustes financeiros conforme as reais necessidades ou renegociações contratuais. Pensando nessas práticas comuns, é importante compreender que gestões financeiras que evitam reajustes podem, em alguns casos, ser consideradas como uma estratégia de curto prazo para manter a estabilidade e evitar impactos imediatos nos condôminos. No entanto, é importante analisar a longo prazo os efeitos dessa prática, especialmente quando confrontada com as demandas reais do sistema financeiro de um condomínio.
O sistema financeiro de um condomínio é complexo e envolve uma variedade de despesas, desde manutenção de infraestrutura até pagamento de funcionários e serviços diversos. Quando não há reajustes financeiros adequados para lidar com essas despesas, o resultado inevitável é um déficit financeiro que pode se acumular ao longo do tempo.
Ter uma gestão que evita reajustes financeiros pode inicialmente parecer favorável aos condôminos, especialmente se isso resultar em taxas de condomínio mais baixas ou estáveis. No entanto, isso pode levar a uma situação insustentável, onde as despesas continuam a aumentar sem um correspondente aumento na receita. Isso pode levar a problemas graves, como a incapacidade de manter a manutenção adequada das instalações, atrasos no pagamento de contas e até mesmo a necessidade de aumentar drasticamente as taxas em algum momento para compensar o déficit acumulado.
Uma boa gestão financeira vai além dos valores atribuídos às taxas de condomínio, ela deve ser equilibrada, considerando tanto as necessidades imediatas dos condôminos quanto as demandas de longo prazo do condomínio. Isso significa que é importante realizar reajustes financeiros regulares e razoáveis, levando em conta os custos crescentes de manutenção e operação, bem como a inflação e outros fatores econômicos. Além disso, uma gestão financeira eficaz envolve transparência e comunicação aberta com os condôminos. Os moradores devem ser informados sobre as razões por trás dos reajustes financeiros e como esses recursos serão utilizados para beneficiar a comunidade como um todo.
Quando um síndico é eleito, entre suas responsabilidades previstas pelo Código Civil, no art. 1.348, temos:
“Art. 1.348. Compete ao síndico:
(...)
V - Diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que interessem aos possuidores;
VI - Elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano;
VII - Cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas devidas;
(....)”.
Considerando o exposto, o síndico é responsável por cumprir as obrigações do condomínio e manter a conservação e a prestação de serviços gerais aos moradores. Manter um perfil conservador, em não reajustar a taxa de condomínio, faz com que o síndico esteja indo em contramão às suas obrigações, uma vez que, a longo prazo, o condomínio perde poder financeiro para cumprir com suas despesas mensais e, consequentemente, manter o dia a dia do condomínio em harmonia.
Em resumo, embora possa ser tentador evitar reajustes financeiros para manter as taxas de condomínio baixas no curto prazo, essa prática pode levar a problemas financeiros significativos a longo prazo. Uma gestão financeira responsável e sustentável envolve encontrar um equilíbrio entre as necessidades imediatas e de longo prazo do condomínio, garantindo que as despesas sejam adequadamente cobertas e que a comunidade como um todo possa prosperar. ■
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